segunda-feira, 30 de abril de 2012







"Imagine que vou fazer uma longa viagem, sem saber quando volto, 
e você vai até a estação de trem para se despedir de mim. 
Se depois nos comunicarmos por carta ou telefone 
e nos lembrarmos da despedida, não estaremos 
falando da mesma coisa, mesmo que imaginemos que sim. 
A minha lembrança e a sua serão diferentes, 
isso quando não forem exatamente opostas. 
Você se lembra de um homem que se afasta em um trem 
e que acena da janela. Mas eu me lembro de um homem 
imóvel em uma plataforma e de que ele ficava cada vez menor. 
É a única coisa que podemos compartilhar: 
a sensação do outro ficando menor. 
Trata-se de algo que encontra eco em nossas emoções. 
Quando nos distanciamos fisicamente de alguém, 
sua presença no inconsciente se reduz progressivamente. 
Talvez, nesse sentido, o que acontece no nível óptico 
seja mera preparação para o que acontecerá na mente. 
Mas voltemos ao início: a experiência nunca pode ser compartilhada. 
Ela é servida sempre em frascos individuais."

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