quarta-feira, 31 de outubro de 2012

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Falhei. 
Tive a chance de cuidar do menino assustado, com uma capa preta, achando que era super-herói. 
Por diversas vezes tive oportunidade de ir tirando a capa escura aos poucos e ir mostrando que 
acolher todas as dores e deixar que elas es
cureçam a alma passa longe de ser coragem. 


Eu tentei derreter pelo menos algumas das tantas camadas de gelo que ele construiu pra fingir que é forte e que não precisa dessas coisas bobas de amor. 


Mas fracassei. 


Tão perto, tão longe, pra nunca mais. 


Não sei ao certo o instante em que me aproximei demais, extrapolei algum limite e fiz o alarme soar. 


Maldito alarme. Me esforcei demais. 


P
orque, de alguma forma estranha e inusitada, aquela capa preta me proporcionava algum tipo de paz e segurança e eu me sentia na obrigação de retribuir:
 Que ele sentisse, então, como é bom carinho na pele nua, sem escudos, capas ou qualquer tipo de superproteção. 
Mas me perdi. 
Achei que aquilo poderia funcionar, aos poucos, sem pressa, alguns outros meses felizes e importantes pra nós dois. 
Me enganei. 
Vi todo meu trabalho e meus planos escorrerem entre meus dedos e senti a capa sendo puxada com força, de repente, com uma rapidez daquelas que fazem a mão arder. 
Lamentei. 
Não exatamente pelo fim ou por tudo que iria me faltar então.
Lamentei por mais uma fuga do cara incrível que poderia chegar onde quisesse se não fosse viciado em ir embora.
(M.F)

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